Por favor, tenho uma dúvida .
A ARA DIZ:Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que TEM o poder da morte, a saber, o diabo. Hb 2.14 .
ARC DIZ: E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que, pela morte, aniquilasse o que TINHA o império da morte, isto é, o diabo. Hb 2.14 .
ARA diz que Diabo tem o poder da morte,mas ARC diz que ele tinha.Qual versão está de acordo com original grego?
Muito obrigado
RESPOSTA
Caro
Em primeiro lugar, gostaria de colocar as duas traduções ou edições de Almeida na ordem temporal correta. Como a Revista e Corrigida é mais antiga, a ordem precisa ser, primeiro Corrigida, depois Atualizada. A Corrigida é o texto de Almeida de mais de duzentos anos atrás. A Atualizada é a revisão feita, no Brasil, em 1950, por aí. Isto significa que Almeida trazia, originalmente, em Hebreus 2.14, o que ainda aparece na Revista e Corrigida (o diabo tinha o poder da morte). Na Atualizada, em meados do século XX, entendeu-se que era necessário mudar a tradução. Por quê? Vamos ao exame do grego. Ali aparece o que, em gramática grega, se chama um particípio presente do verbo “ter”. Seria algo como “tendo” ou “o que tem”. Portanto, literalmente está escrito um presente, justificando a tradução da Revista e Atualizada. De onde vem, então, o “tinha”, em “o diabo, que tinha o império da morte”? Digo de saída que esta é uma tradução antiga: já aparece assim na Vulgata latina, também na tradução de Lutero e na King James, em inglês, que é de 1611. Acontece que, em grego, aquele particípio, mesmo sendo presente, não traz embutida a noção de tempo (presente, passado ou futuro). (O particípio expressa mais um tipo de ação: momentânea, contínua, etc. O presente dá a ideia de algo que é contínuo...) A noção de tempo (se é presente, passado ou futuro), no caso de um particípio grego, é derivada mais do contexto. Portanto, do ponto de vista linguístico, daria para traduzir do jeito que aparece na Corrigida. Por que faríamos isto? Apenas se o contexto nos levasse a isso. No fundo, trata-se de uma questão teológica (e não tanto linguística ou gramatical): o Diabo tinha o poder da morte ou ainda tem? À luz da obra de Cristo, dá para dizer que ele “tinha” esse poder. Mas, como a morte ainda é uma realidade (não estamos no céu!), dá para dizer que o Diabo ainda tem o poder da morte. Portanto, as duas afirmações estão, em si, corretas ou são aceitáveis, do ponto de vista teológico.
Como ficamos, então? Tem um princípio de tradução que diz assim: Em caso de dúvida, faça uma tradução o mais literal possível. Me parece que é isso que faz a Revista e Atualizada. Como lá aparece um particípio do presente, traduziu por uma forma do presente: aquele que tem. A maioria das traduções faz o mesmo. Em português, por exemplo, a Nova Tradução na Linguagem de Hoje e a Nova Versão Internacional traduzem do mesmo jeito da Revista e Atualizada: aquele que tem o poder da morte.
Forte abraço em Cristo!
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